sábado, 20 de abril de 2013

REGISTRO NA EDUCAÇÃO INFANTIL


OBSERVAR E REGISTRAR: MAIS QUE UMA PRÁTICA, UM APRENDIZADO PARA O PROFESSOR
   O educador é um profissional em permanente fazer e caminhar na direção do que constitui a essência do seu trabalho: ensinar, ou seja, garantir a formação do aluno. Por isso, sua ação tem de ser pensada, refletida e sistematicamente avaliada para atender as necessidades individuais e coletivas. Avaliar sistematicamente a prática pedagógica significa assumir uma postura reflexiva do exercício do olhar sobre a realidade, sobre a criança, sobre o próprio fazer com o objetivo de melhorar a ação educativa.
    A avaliação constitui-se num “conjunto de ações que auxiliam o professor a refletir sobre as condições de aprendizagem oferecidas e ajustar sua prática às necessidades colocadas pela criança. É elemento indissociável do processo educativo que possibilita ao professor definir critérios para planejar as atividades e criar situações que gerem avanços na aprendizagem das crianças. Tem como função acompanhar, orientar, regular e direcionar esse processo como um todo” (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, v.1, 1998, p.59).
     A observação é um instrumento indispensável para que o professor possa conhecer as crianças, identificar suas dificuldades e potencialidades, compreender o que fazem e verificar os significados que atribuem aos elementos trabalhados.
     Reflexão e avaliação da prática pedagógica envolvem também o registro das observações realizadas, o que venho realizando por meio de escrita, fotografias e portfólios da produção das crianças ao longo do ano. Esse registro constitui um acervo de informações e conhecimentos fundamentais para o meu trabalho, permitindo que eu:
·         Construa a história e trajetória do meu trabalho e do grupo, indicando novos encaminhamentos, ajustes ou redimensionamento da ação pedagógica;
·         Registre o desenvolvimento, as conquistas, as descobertas, as dificuldades individuais e coletivas, oferecendo uma visão importante e detalhada de cada criança;
·         Contribua para a minha formação, podendo tornar-me um professor reflexivo, que estuda e busca fundamentação teórica para respaldar minha prática;
·         Acompanhe o processo de aprendizagem de cada criança.
    Tanto a observação quanto o registro devem estar a serviço da identificação dos elementos que interferem nas relações de ensino/aprendizagem. O educador precisa estar atento àqueles indícios que têm significado para o contexto do seu trabalho. Não é tarefa fácil, por isso é importante que se tenha a clareza de que supõe um exercício diário de olhar para além do que se vê, de desvelar o significado escondido, muitas vezes, numa expressão de espanto, no silêncio, no gesto, no corpo. Também supõe um exercício contínuo de dedicação, feito por um professor pesquisador, reflexivo, comprometido com a educação.  
    Mas o que deve ser avaliado? Quando? Como avaliar? Que instrumentos e procedimentos utilizar? Para que e para quem avaliar? São perguntas que me desafiam me inquietam e me levam a uma reflexão, seguida de algumas ações, umas que dão certo outras nem tanto. Tomando como base As Diretrizes Nacionais para a Educação Infantil, no artigo décimo, fica claro que o sentido da avaliação no contexto da Educação Infantil é a investigação e não o julgamento, o qual deve, segundo o documento, ser socializada com as famílias. De acordo com o meu contexto de trabalho, venho buscando estar coerente com essas orientações, valorizando na criança o conhecimento que elas traz, sua cultura, suas habilidades, as interações que estabelece e suas diferentes formas de expressar-se, evitando assim a padronização.
    Algumas práticas são efetivas em meu fazer pedagógico: registro dos aspectos significativos de cada criança; caderno de desenho individual como um portfólio onde a criança realiza as atividades durante o ano, percorrendo sua própria história e assim criança-professora-família vão acompanhando suas descobertas, desafios, conquistas e superações; fotos do cotidiano; pesquisa e entrevista com as famílias; exposições; registro das escutas das crianças e  de ocorrências. Porém ainda encontro dificuldades e obstáculos em realizar o registro escrito. Sinto que ao mesmo tempo em que é o ponto de partida é também um desafio, o que necessito freqüentemente me policiar, me desafiar, me superar e me dispor a concretizar tal prática que só tem a me ajudar, fornecendo subsídios para uma aprendizagem integral das crianças e para minha valorização enquanto profissional da Educação Infantil.

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