sexta-feira, 17 de maio de 2013

TRABALHANDO COM AS DIFERENÇAS


       Licença Creative Commons    RELATO DO DIA 11 DE ABRIL DE 2013

Hoje foi um dia muito interessante. A M. V. está apresentando crise de ansiedade, chora o tempo todo, não come, não bebe água, não brinca, não conversa com os amigos, ficando o tempo todo do meu lado e me seguindo aonde quer que eu vá e só para esclarecer ela é uma criança com paralisia cerebral, comprometendo o lado direito. Já havia esgotado os meus recursos para tentar convencê-la e lembra-la de quanto ela gostava da escola e como aqui é legal e o quanto ela é querida por todos.           
Saímos do parque e fomos para a sala de multimídia. Hoje é o dia em que fazemos o empréstimo de livros e como estamos conversando sobre as diferenças das pessoas, bem como as deficiências físicas, combinamos que eles iriam levar para casa os livros da Coleção Ciranda da Diversidade e das Diferenças, as quais abordam temas relacionados a algumas deficiências e outras dificuldades. Comecei a ler os títulos dos livros e ler o resumo de cada  um antes de colocar para eles escolherem.
Quando li o da Centopéia a M. V. disse: “ELA É IGUAL A MIM, COM PROBLEMINHA NA PERNA, QUERO LEVAR ESSE LIVRO.” Quando dei por mim ela estava falando da suas limitações com tanta naturalidade e com tanto envolvimento que cheguei a me emocionar, pois o que eu achei que poderia ser um problema, tocar nesse assunto com o grupo por causa dela, mesmo que indiretamente, ela reagiu completamente contrário, se mostrando ciente de suas limitações e do seu tratamento, pois contou para todos que vai na CEI para poder conseguir abrir a mãozinha e a reação do grupo foi de igual comportamento, pois nunca a trataram com diferença.
 Após esse momento passei vídeos para eles do YOU TUBE de atletas deficientes, com histórias de muita superação. Assim como a M. V., todos gostaram muito do que viram e teceram vários comentários, demonstrando admiração em ver pessoas sem braços e pernas fazendo exercícios, ganhando medalha, sorrindo, fazendo tanta coisa... Essa hora passou que ninguém viu, e o melhor a M. V. tinha voltado a sorrir e demonstrar envolvimento e interesse pelas atividades.
Isso prova que o fazer pedagógico intencional e planejado vai além daquilo que prevemos, percorrendo e alcançando caminhos esperados e inesperados, mas o importante é estar sempre atento para não deixar passar essas oportunidades ricas de intervir, propiciando descobertas e compreendendo mais sobre cada criança.
Estar sempre sensível às necessidades das crianças é um exercício constante para o professor, pois são nesses momentos que elas podem revelar algo escondido, mas que é de muito significado e relevância para ela, contribuindo assim para que o professor possa compreendê-la melhor e assim poder ajudá-la de alguma forma.

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